segunda-feira, 5 de abril de 2004

Mais umas de Zélia Mentirinha

Bas noite! Como é que o sinhô tá? Miorô da gripe? Eu bem que le disse pra num ficar no sereno até tarde, namorando moça no portão! Agora aproveite que o sinhô é de casa, se assente aqui na beira do fogo e oiça mais umas historinhas de Zélia Mentirinha, pra poder se preparar pra quando conhecê-la de ao vivo, que Deus o livre!
- Que Zélia Mentirinha é a maior mentirosa do Agreste, o sinhô já sabe. Mas que mentiras ela conta nunca ninguem le disse, né? Apois aí vai: Ela conta que conheceu, namorou e casou com o finado defunto que morreu em 23, isso mesmo, vinte e três dias! Disse que o cabra era rico além de tudo, e que os filhos nasceram em berço de ouro. Só se for ouro-de-tolo, por que todos os filhos dele, dos dois casamentos, são hoje pobres. Ela se diz parente de todo o mundo, até de Roberto Carlos aquilo já disse que era prima! Sem contar que o finado "marido" era sobrinho de um ex-presidente da república! Agora me diga se isso tem jeito!

- Aquela miséra pegou umas pedras na vesícula. Diz-que quando aquilo tá na crise, dói de um cristão pedir pra morrer. Apois troquei meimundo de favor, usei umas amizades e usei uns amigos em Recife pra fazê-la ser operada logo, pra poder passar logo a dor e deixar de me aperrear. Como aquilo não tinha carro (torrou um fusca que tinha em televisor, e outras porcarias), eu levava-a nas segundas-feiras a Recife, pra fazer exames, consultas, essas coisas de pré-operatório. Agora imagine eu, minha ex-patroa e mais aquilo espremidos drento da minha Pampa véia, uma hora na estrada. Como aquela miséra é analfabeta, só sabe ler (mal) em voz alta, e no caso daquilo, era alta mesmo, aos berros. Ia gritando o conteúdo de todas as placas de sinalização que via pela estrada, com sua "agradável" voz de travesti, dentro do espaço apertado do meu carro. E eu aturando. Até que teve um dia em que não agüentei: Ela foi berrando mais que locomotiva no meu peduvido o caminho todo, e a filha dela ainda queria que eu dirigisse com cuidado pois aquilo estava na crise. Quando ia chegando ao hospital, em Recife, apareceu aquela tampa de bueiro aberta no meio da rua. A ex-patroa apontou pra frente e gritou: Olha o buraco! Num tive dúvida. Acabava com o carro ali, mas me vingava. Mirei a roda direita bem no buraco e acelerei. Quando o carro caiu com tudo lá dentro , com as duas rodas da direita, chega a miséra gemeu e chorou de dor. Segui viagem com um sorriso na cara, feliz pela vingança!

- Eu tinha porte de arma, tudo bonitinho e legalzinho. Mas deixei de andar armado. Por que? Quase que estouro os miolos daquilo umas duas vezes! Ainda cheguei a empunhar meu valente 38! Como não se deve jamais matar sogras (veja o SoGréia 1), achei melhor deixá-lo dali por diante em casa!

Agora o sinhô espere um pouquinho que vou lá dento buscar um mel de uruçu com limão pra ajudar na sua gripe!