domingo, 11 de julho de 2004

O que o desespero não faz...

O senhor, que é homem instruído e cheio das leituras, doutor de anel no dedo, veja só a carta que meu amigo São Taê me mandou:

"Caro Coronel,
Mais uma vez envio missiva para, antes de tudo, agradecer-te por acoitar meu querido bacurinho em sua tão bela fazenda. O bichinho se livra da pior de todas as sogras e ainda aproveita para respirar o ar puro da Canadá. Ainda bem que ele está de férias.

Escrevo também para que me dê notícia dele e peço que faça isso da maneira mais discreta possível (manda a resposta pro endereço do meu escritório) porque a mãe dele, que um dia vai ser sogra também ? infelizmente ? tá doida sem saber pra onde eu mandei o menino.

Tive que tomar uma atitude drástica dessa, pois ela e aquela que nem atrevo a dizer o nome, como você bem observou, já estavam discutindo o futuro dos coitadinhos. Já tava chamando o menino de "meu genrinho". Como diz Mução: É demais!

Ainda bem que você interveio e me ajudou na fuga.

Um abraço e inté mais!
Taê"

Eu só queria mesmo era ter essa sua inteligência, aí do senhor! Aí sim é que eu ia poder dar uma resposta realmente boa pro meu amigo-irmão. De todo o jeito, veja lá se o que eu escrevi está prestano:

"Caro São Taê,

Escrevo esta na esperança que esteja tudo bem com você e minha querida Zelda. Já tinha lhe dito antes: Bacurinho eu não acoito, eu hospedo aqui em casa, e ele está na casa dele, onde manda e desmanda. Fazia tempo que eu queria mesmo o menino por aqui comigo, embora não nestas condições.

Ele chegou bem, e está passando melhor ainda. Todo dia pela manhã toma seu leite com bem muito chocolate ao pé da vaca, come o seu cuscuz com queijo e bem muita manteiga e ganha o mundo. Quando é na hora do almoço e ele chega, a gente fica conversando, e o bichinho já está arrependido da danação toda que fez em torno de Mariinha, e tento aconselhá-lo a como melhor sair dessa enrascada. Meu amigo Doutor tambem ajuda e aconselha.

A bronca está de noite... Ele está com medo de ir dormir, diz que tem pesadelos, sonha com a Bruxa Keka, com sogras horríveis atazanando-lhe a paciência... Mas a vida é assim mesmo, eu lhe digo, não adianta ter tanto medo de sogra não, pois a não ser que ele vire monge, sempre vai ter uma. Um dia esses pesadelos passam.

Diga a Zelda que ele está bem, com saudades e manda beijos, mas não arreda pé daqui (ou onde quer que você diga que ele está) até ela desistir dessa idéia dele namorar Mariinha tão cedo. Se ela (e Keka) desistir de pensar nisso, ou pelo menos quiser esperar uns 16 anos, ele volta logo pra casa. Se não vai ficando por aqui.

Em tempo: Aproveitei que ele está aqui e fui ao cartório de D. Alicia pra ultimar a papelada definitiva de adoção dele como meu sobrinho. Agora só falta tu dares uma passada por lá. Tambem já aproveitei e fiz o mesmo com Mariinha, mas pra evitar que você-sabe-quem venha aqui a Pombos, vou deixar e levar a papelada até Recífilis quando eu for por lá.

De mais, tudo sempre bom, a saudade de vocês é que é grande.
Um abraço do seu amigo-irmão,

Coronel Yanossauro."

E aí Doutor, o que o senhor achou?